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MIGRAÇÕES INDO-EUROPÉIAS EXPANDINDO CRENÇAS E RELIGIÕES


Muitos estudiosos afirmam que o Vale do Indo foi invadido por um povo vindo do Irã, na chamada Ásia Central, daí o nome de migrações Indo-Iranianas ou Indo-Arianas. Sem dúvida, é preciso conhecer um pouco mais sobre o Irã a Índia e suas histórias.




No passado o atual Irã chamou-se ‘Império Elamita’ e estava localizado muito próximo da Suméria, cuja antiguidade remonta há aproximadamente 10.000 anos. O Império Elamita foi uma civilização do Planalto Iraniano e pode ser considerado portador de uma das culturas mais desenvolvidas da história antiga. Seus cultos eram dirigidos à Deusa Mãe Kiririsha, que estritamente traduzido significa ‘Grande Deusa’, na língua elamita, é umapalavra muito semelhante a Krishna, talvez a mais amada divindade da religião hinduísta. Não apenas seu nome, mas sua forma feminina, reforçam a ideia que Krishna foi uma adaptação para o masculino da deusa Kiririsha. Esse pode ser mais um exemplo da Deusa que foi transformada em Deus.

https://en.wikipedia.org/wiki/Kiririsha


Figuras em terracota como esta foram encontradas no sudoeste do Irã, nas ruínas de Susa, no antigo Elam, hoje sudoeste do Irã. https://cariferraro.com/the-iranian-mother-goddess/


Para os elamitas Kiririsha era a rainha do céu, do mar e da terra. É muito provável que ela tenha sido a ancestral da Grande Mãe para quem as mulheres descritas no Antigo Testamento assavam bolos feitos com tâmaras e passas. Em Susa, no platô iraniano, foram encontradas dezenas de estatuetas da deusa que remontam ao início do quarto milênio aC, de onde seu culto se expandiu por todo o mundo levado pelas grandes migrações indo-iranianas. Assim como todas as deusas reverenciadas na época paleolítica, a religião elamita se caracterizava por reverência e respeito pela maternidade, razão pela qual sua Deusa era representada portando ancas largas e ventre protuberante. A paleontologia confirma a teoria que a Deusa Mãe foi a primeira divindade a ser adorada, sendo substituída pelo Deus Pai. Embora difícil, essa história pode ser remontada a partir dos fragmentos que as diferentes ciências nos proporcionam.



A língua dos elamitas (iranianos) está relacionada às línguas dravídicas do sul da Índia, razão pela qual até hoje se discute quem invadiu quem. Se os elamitas invadiram a Índia ou os hindus é que invadiram o Planalto Iraniano e de lá se estenderam por toda a Europa. Estudos recentes do DNA de populações modernas que falam línguas indo-europeias parecem apontar para duas regiões como pontos de origem dos movimentos migratórios ‘indo-europeus’ por volta de 3 800 aC, originados nas antigas comunidades neolíticas que migraram em várias direções. Estas duas regiões são o Planalto Iraniano, também chamado Ásia Central e o território que hoje se chama Ucrânia.


O Irã, também chamado de Pérsia, é o lar de uma das civilizações mais antigas do mundo, que atingiu o auge de seu poder durante o Império Aquemênida, fundado por Ciro, o Grande em 550 aC, que se estendia da Macedônia até o Vale do Indo. Naquele tempo a Europa ainda vivia na era das cavernas e o centro da civilização era a região entre rios, chamada de Mesopotâmia. Quase inabitada, a Europa foi invadida, ou melhor, acolheu um povo vindo do leste, de uma região entre a atual Ucrânia, sul da Rússia e Irã, em levas migratórias sucessivas que duraram milênios. Esta miscigenação foi a raiz para a constituição da família linguística conhecida por várias denominações: indo-europeia, indo-ariana ou indo-iraniana.



Dinc Sarac, da Universidade de Bilkent, na Turquia, é especialista nas migrações transcaucasianas e suas influências sobre o povoamento europeu. Diz ele que entre o quarto e o terceiro milênio antes de Cristo, por alguma razão ainda pouco estudada, aconteceram ondas migratórias que deram origem aos diversos grupos linguísticos tanto na Europa (eslavos, celtas, itálicos, aqueus, jônios, eólios e germânicos) quanto no noroeste da Índia. Cada grupo evoluiu de maneira independente. Dessas ondas também nasceram as primeiras religiões conhecidas, existentes até os dias atuais, denominadas pagãs pelos monoteístas.


Jos Stepahnek, antropólogo checo, radicado na Universidade de Atenas, Grécia, diz que a língua é a chave mais importante para a pesquisa sobre a origem de povos e culturas tão díspares, mas que guardam uma similitude surpreendente em grande número de palavras. Na verdade, a língua comprova que povos hoje separados por milhares de quilômetros têm ancestrais comuns. Apenas para citar um exemplo, Roger Pearson, antropólogo americano, editor e fundador do The Journal of Indo-European Studies diz que o idioma dos tocarianos (que viveram numa região próxima à China), tem uma forte ligação com o idioma dos germânicos.


Embora ainda não se tenha certeza de quem invadiu quem, o orientalista britânico William Jones (1746-1794), juiz na Suprema Corte de Calcutá, na Índia, foi o primeiro a registrar que muitas palavras em sânscrito (língua usada para escrever os Vedas, livros sagrados da Índia) tinham o mesmo radical que o grego e o Latim. A partir disso lançou a hipótese de que as línguas indo-europeias teriam uma origem comum e que poderiam estar relacionadas com as línguas celta e persa. Seus trabalhos são considerados o marco inicial dos estudos sobre o indo-europeu e da linguística comparada.


O indo-europeu é uma família linguística composta por centenas de línguas e dialetos, que inclui os principais idiomas da Europa, do Irã e do norte da Índia. Em 1956, a antropóloga lituana Marija Gimbutas elaborou uma teoria que deu nova luz à origem dos povos da Europa, batizada de Cultura Kurgan, para assim denominar os primeiros indo-europeus.


Antes de ser deturpada pelos defensores da "supremacia branca" como sendo a raça branca a mais bonita, capaz e inteligente entre as demais, ideia levada ao extremo pelos nazistas fazendo dos nórdicos alemães seres ‘superiores’ aos demais brancos (e sabe-se onde isso foi parar), a palavra ariano, referia-se ao subgrupo estabelecido no planalto iraniano desde o final do terceiro milênio aC.


Uma corrente da antropologia defende que esta população que vivia no Planalto iraniano invadiu a Península da Índia aculturando a civilização dravídica que lá existia. Assim, a designação ‘ariano’ passou a referir-se aos povos Indo-europeus que se espalharam entre a Índia e a Europa a partir do final do neolítico. Acredita-se que a sua expansão foi responsável por introduzir a carruagem de guerra puxada por cavalos em outros povos, entre os quais os egípcios, assim como o uso da calça comprida como indumentária masculina própria para a montaria. Há quem atribua aos iranianos a invenção da roda.


A roda surgiu no contexto de processo produtivo, visto que, economizou energia ao transferir e ao reduzir a força braçal e lenta do homem por esse instrumento que logo ganhou muitas aplicações. Não se pode afirmar qual cultura inventou a roda, mas podemos afirmar que ela surgiu entre 4000 e 7000 aC.





A representação da roda vem do ‘Pote de Bronocice’, de cerâmica que retrata uma espécie de carroça, entre 3500 e 3350 aC. O pote Bronocice foi descoberto em um vilarejo na Polônia. Com base na sua descoberta os pesquisadores Asko Parpola e Christian Carpelan) apontaram que as línguas indo-europeias possuem vocabulário herdado e relacionado ao transporte sobre rodas. Os veículos com rodas foram inventados pela primeira vez em meados do quarto milênio aC fornecendo assim novas informações de pesquisa sobre a origem do indo-europeu. Eles argumentam que ossos da cova em que o pote foi encontrado foram datados por radiocarbono por volta de 3635-3370 aC. Isso o torna contemporâneo das primeiras representações de carroças com rodas encontradas em pictogramas de placas de argila de Uruk, na civilização suméria da Mesopotâmia (atual Iraque), datada de 3500–3350 aC. Historiadores argumentam que houve uma difusão do veículo com rodas do Oriente Próximo para a Europa por volta de meados do 4º milênio aC.

https://stringfixer.com/pt/Bronocice_pot


Caverna de Lascaux - Wikimedia Commons


A domesticação do cavalo ocorreu nas estepes da Eurásia, entre a Hungria e a China, passando pela Ucrânia, sul da Rússia, Cazaquistão e Mongólia. Para a maioria dos historiadores, a estepe (que significa ‘deserto’ em Russo) era o lar das sociedades nômades, cuja economia baseava-se no pastoreio, complementada pela caça. A utilização da roda junto com o cavalo promoveu a invenção da carruagem, o que ocorreu por volta de 2 000 aC, provavelmente na área a leste dos montes Urais, onde os carros mais antigos foram desenterrados. A palavra para 'cavalo' apareceu apenas em torno desta data pela primeira vez na Mesopotâmia, quando um aumento do comércio norte-sul através do Irã é atestado.

https://edukavita.blogspot.com/2016/06/carruagem-origens-e-historia.html


Como se constata, a região onde hoje é o Irã foi o nascedouro de uma civilização guerreira que fez história, que levou suas conquistas tecnológicas e bélicas para outros povos através das grandes migrações ocorridas em torno de 3 000 aC, que de tão abrangentes foram o berço da família linguística indo-europeia.


Não deixa de ser curioso que hoje a Ucrânia e o Irã são foco de convergência na situação geopolítica, desenpenhando um papel preponderante na história mundial. Talvez finalizando o atual ciclo histórico no mesmo ponto de origem da civilização ocidental.



CULTURA KURGAN E AS MIGRAÇÕES INDO-EUROPEIAS



https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-kurgan-arianos-reais.phtml


A palavra kurgan,que significa monte funerário ou sepultura, é comum na região do Cáucaso, linha divisória entre a Europa oriental e a Ásia ocidental. Em ucraniano, a palavra kurgan quer dizer ‘túmulo’, guardando o mesmo significado nas línguas eslavas (tchecos, poloneses, ucranianos, búlgaros, croatas, sérvios, russos).


A antropóloga Marija Gimbutas chamou de Cultura kurgan todos os povos que usavam esse termo ou oriundos dele, para se referir ao modo de enterrar seus mortos, criando o que seria um traço comum nos grupos que se deslocaram entre Europa e Índia no período das grandes migrações ocorridas em torno do terceiro milênio aC.



Há 3 000 aC, onde hoje ficam França e Alemanha, os humanos ainda moravam em cavernas. No entanto, não tão longe dali, na Mesopotâmia, vicejavam cidades com mais de dez mil habitantes. Lá, desde um milênio antes, os sumérios haviam criado as cidades-estados e começavam a desenvolver a escrita. Depois construíram grandes zigurates, desenvolveram leis e códigos que orientavam a vida em sociedade. No norte da África, o Egito estava prestes a se tornar um dos maiores impérios do mundo antigo enquanto a Europa ainda vivia da caça e da coleta. Entretanto, essa situação está prestes a se inverter, fazendo com que a Europa comece sua marcha para a transformação. O agente indutor de tal mudança ainda é um mistério, alvo de muita polêmica entre especialistas, mas, definitivamente, algo muito significativo aconteceu por volta do terceiro milênio aC que transformou a vida na Europa.


Segundo o arqueólogo Dinc Sarac, esse algo mais foi a chegada de um povo vindo do leste (de uma região entre a atual Ucrânia e o sul da Rússia), em levas migratórias que durou séculos. Esse povo teria “descoberto” a Europa, numa viagem épica só comparável à chegada dos europeus na América, 4 500 mil anos depois, afirma Sarac, que pesquisa as migrações transcaucasianas e suas influências sobre o povoamento europeu.



QUEM SÃO OS ARIANOS?


A palavra “ariano” tem origem no sânscrito. O termo “Arya” significa “nobre”. Contudo, deturpado, ele foi usado para referir-se a um grupo étnico específico, os “brancos”.


Os defensores da “raça branca" a elegeram como sendo a mais bonita, capaz e inteligente entre as demais. Esta ideia foi levada ao extremo pelos nazistas fazendo dos alemães seres “superiores” aos demais, e sabemos onde isso foi parar.


Os árias, ou seja, os "nobres" eram considerados na Índia antiga como sendo os brâmanes (sacerdotes e letrados) fortemente miscigenados, brancos ou negros com cabelos lisos. Segundo o mito nasceram da cabeça de Brahma. Os xátrias (guerreiros) nasceram dos braços de Brahma. Os vaixás (comerciantes) nasceram das pernas de Brahma. Contudo os sudras, geralmente negros de cabelos encaracolados (servos: camponeses, artesãos e operários) nasceram dos pés de Brahma. Quanto aos párias, estes ainda são chamados de "intocáveis".


Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1393858

O sistema de castas da Índia é um dos mais antigos sistemas de estratificação social do mundo e divide os hindus em grupos hierárquicos rígidos, metaforizada na figura de Brahma, deus hindu da criação.

https://life.dn.pt/castas-apesar-de-proibidas-continuam-a-moldar-a-sociedade-indiana/historias/354094/


Apesar de proibidas, as castas continuaram a moldar a sociedade indiana. As castas são linhas demarcatórias invisíveis, que se transformam em verdadeiros muros, que continuam a coser a organização social da Índia, apesar de o sistema de castas ter sido proibido no país desde 1947. A complexidade do assunto estende-se não apenas às questões culturais, mas às de crescimento econômico e interesses políticos. Tal sistema existe há pelo menos dois milênios. Sua origem se perde na história, mas os primeiros registros dele estão nos Vedas, cuja referência mais antiga está num hino do RigVeda sobre o sacrifício do deus Purusha, cujo corpo deu origem às castas que ainda imperam na sociedade indiana.

https://super.abril.com.br/historia/divisao-ancestral/


Embora os pesquisadores coloquem o surgimento das castas há pelo menos dois milênios, certamente ela é muito anterior.



bviamente, esse processo migratório não aconteceu da noite para o dia. As pesquisas demonstram a ocorrência de dois milênios de migrações e miscigenações, responsáveis por promoverem interações grupais, das quais se originaram subgrupos que mais tarde atingiriam um alto grau de desenvolvimento. Um dos povos descendentes dos kurgans foram os aqueus. Chamados de dânaos por Homero, este povo se constituiu nos primeiros que chegaram e ocuparam parte das bordas do mar Mediterrâneo. Eles eram seminômades indo-europeus que migraram por volta de 2.000 aC para onde hoje se localiza a Grécia, em busca de terras férteis.



Outros descendentes dos kurgans foram os celtas, conjunto de povos organizados em múltiplas tribos, pertencentes à família linguística indo-europeia, que se espalhou pela Europa a partir do segundo milênio aC. Hábeis na fabricação de objetos de bronze, os celtas se constituíram num dos povos europeus mais importantes antes da supremacia de Roma, embora fossem chamados de bárbaros pelos romanos.


Celtae em romano antigo ou keltós/kéltai em grego, a palavra celta provém etimologicamente das raízes “eld, ald, old” que significa antigo, idoso, ancião, encontrada também na palavra Caldeia (Ca-eld) que significa Assembleia dos Anciãos, assim como na palavra aldeia, que tem o significado de povoação indígena ou povoado antigo. Keltia é o nome de uma revista francesa que ainda hoje se dedica à cultura celta. (http://www.keltia-magazine.com/)


Quando falamos em celtas imaginamos os antigos habitantes irlandeses, escoceses e gauleses, ancestrais dos franceses. Todavia, estudos genéticos realizados em 2004 por Daniel Bradley, do Trinity College de Dublin, demonstraram que os traços genéticos entre os habitantes de áreas célticas como Gales, Escócia, Irlanda, Bretanha e Cornualha são originários da península Ibérica. Bradley explicou que os grupos migratórios que deram origem aos povos celtas do noroeste europeu teriam saído da costa atlântica da península Ibérica nos finais da última Idade do Gelo. Em 2006 o geneticista Bryan Sykes confirmou esta teoria no seu livro Blood of the Isles, a partir de um estudo efetuado pela Universidade de Oxford, que analisou amostras de ADN recolhidas de 10.000 voluntários do Reino Unido e Irlanda, permitindo concluir que escoceses, galeses e irlandeses eram descendentes dos celtas da península Ibérica que migraram para as ilhas Britânicas e Irlanda entre 4.000 e 5.000 aC. Os ibéricos desenvolveram barcos capazes de navegar os oceanos o que lhes permitiram cruzar o canal da Mancha e chegarem ao Reino Unido, encontrando apenas alguns milhares de habitantes, que foram assimilados pelos celtas íberos. A maioria das pessoas nas ilhas britânicas, na realidade, são descendentes de espanhóis", explicou Syke.

Os celtas são considerados os introdutores da metalurgia do ferro na Europa, dando origem à Idade do Ferro naquele continente. Eles também foram os responsáveis por introduzirem no Ocidente um costume originário das estepes asiáticas (Irã) que se perpetuou na indumentária masculina e agora também entre as mulheres: as calças compridas! Há indícios de que o uso das primeiras calças compridas se deve aos povos do Irã. Por habitarem a região de temperaturas baixas das montanhas do Hindo Kush e serem peritos na montaria, eles introduziram o cavalo e carruagens como aparatos de guerras, por volta de 2.000 aC. Usavam calças por serem mais adequadas para a montaria, indumentária que passou a ser considerada traje típico deles, depois propagadas pelas migrações indo-iranianas e seus descendentes celtas por toda a Europa.


https://kappamapgroup.com/product/105-indo-european-migrations-4000-1000-bce/


Com a contribuição da genética, hoje é possível questionar as linhas indicativas (em vermelho) das migrações indo-europeias nos mapas, acrescentando uma outra(em verde) comprovando a ancestralidade de um grupo que saiu da Península Ibérica (Espanha/Portugal) em direção à Inglaterra, fazendo com que os ingleses sejam descendentes dos íberos.

Contudo, embora sejam expressivos os avanços científicos da genética, alguns fatos continuam desafiando as mentes mais brilhantes. Por exemplo, O tipo de sangue O é o mais comum dos grupos sanguíneos, porém, quando separados os tipos O negativo e O positivo, descobrimos que o tipo O negativo (doador universal) constitui menos de 7% da população mundial. O problema é que não se sabe de onde o fator negativo se origina, pois segundo os evolucionistas existe uma linhagem ininterrupta desde os pré-humanos (australopitecos, p. ex.) até o homo sapiens sapiens atuais. Se não houve interrupção na linhagem, como foi introduzido o fator RH negativo? Existem teorias tentadoras sugerindo que o O negativo pode ter sido fruto de uma experimentação genética há pouco mais de 5.000 anos atrás.


É reconhecido que os fatores sanguíneos são transmitidos à descendência com mais exatidão do que qualquer outra característica humana ou animal, razão pela qual as pesquisas sobre o tipo sanguíneo são essenciais para a compreensão das grandes movimentações populacionais. A pesquisa genética é um valioso instrumento para corroborar ou não as teorias elaboradas pelas demais ciências, reforçando suas conclusões, razão pela qual estamos fazendo esse cruzamento de teorias sobre as grandes migrações ocorridas no passado entre a Índia e a Europa, que resultaram em um significativo avanço cultural e estrutural do ser humano.


O mistério do sangue RH negativo e sua origem desconhecida desafiam os pesquisadores que revelam que apenas 15% da população do mundo inteiro é conhecida por ter fator de sangue RH negativo, sendo que a maior concentração desse tipo ocorre nos povos bascos do norte da Espanha e sudoeste da Françae nos judeus khazares. Cada um desses povos tem uma história muito interessante, pouco conhecida, e são originários da mesma região identificada como centro das migrações indo-arianas, indo-iranianas ou indo-europeias.(Para saber mais, leia: Nella Adriana Čorak-Šebetić - http://cosmicconvergence.org/?p=17906)


O povo basco é o ponto fora da curva por ter a língua mais antiga da Europa, cujas origens não são conhecidas, fato que se tornou um verdadeiro mistério para os linguistas. Os bascos são considerados o primeiro grupamentoa étnico a habitaro norte da Espanha e sudoeste da França. Há duas teorias sobre sua origem: Uma diz que os bascos chegaram como parte das migrações indo-europeias e se instalaram tanto na região de Navarra e Aragão como no Sudoeste da França, por volta de 2000 antes de Cristo. O problema dessa teoria é que a língua basca não se encaixa na família indo-europeia. A outra defende que os bascos chegaram muito antes, quando a migração Cro-Magnon desalojou ou assimilou a população Neandertal local. Bem, a pesquisa continua… e a genética está aí para ajudar.



Linguistic map Southwestern Europe-en.gif

https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=7136297


As pesquisas genéticas comprovam que o povo celta é originário das regiões bascas da França e da Espanha, indicando que um grupo basco migrou para as ilhas da Grã-Bretanha, dando origem aos celtas irlandeses e escoceses, fazendo com que a teoria de que os bascos chegaram como parte das migrações indo-europeias ganhe força em relação à sua oponente. Como o povo da Irlanda e da Grã-Bretanha apresentam altas incidências do fator RH negativo, ficacomprovadaa existência da ligação genética entre os bascos e os celtas.

http://cosmicconvergence.org/?p=17906


Agora vamos analisar o Sudoeste da França, famoso por seu passado arqueológico, linguístico e histórico. Nessa região se encontram as famosas grutas de Lascaux, o que reforça a segunda hipótese, a de que os bascos teriam chegado ainda na época dos Cro-Magnons. O idioma falado nessa região é conhecido como Langue D’Oc, ‘língua de oc’, falada nesta região. ‘Oc’ em occitano medieval significa ‘sim’, em contraste com o ‘oui’ (pronunciado uí) que significa ‘sim’ no francês parisiense e que permanece até hoje. Muitos linguistas defendem que a langue d’oc provém do basco, porém isso está longe de ser consensual, sobretudo pelo orgulho dos franceses que não admitiriam que sua língua pudesse ter se originado dos espanhóis. Apesar disso, a pesquisa genética confirma que o sudoeste da França tem um grande número de portadores de RH negativo, indicando sua proximidade com os bascos e, por sua vez, com os celtas que povoaram a Grã-Bretanha. Entretanto, esses povos já tiveram outros nomes no passado: Dóricos, aqueus, jônios, eólios e muitos outros.


A hipótese Kurgan demonstra que as migrações indo-arianas, indo-iranianas ou indo-europeias, podem ter começado exatamente na região onde hoje é o entorno da Ucrânia, embora outros autores defendam que o epicentro tenha sido a região onde hoje é o Irã ou o Vale do Indo. Porém, todos concordam que foi nesse pedaço do mundo que a civilização ocidental começou e que de lá chegaram até a Península Ibérica como bascos, de onde partiram para povoar a Irlanda e Escócia tornando-se o povo Celta.



Vários autores defendem a hipótese da invasão do Vale do Indo pelos celtas, dando surgimento aos brâmanes (sacerdotes e intelectuais), miscigenados, geralmente tendo pele mais clara e cabelos lisos, que povoaram o norte da Índia, em contraste com os habitantes do sul, que apresentam traços negroides.


As três principais denominações culturais que fazem parte do território da Índia são: os Hindus (com mais de 70% da população), os Drávidas (com 25%) e os Mongóis (que juntamente a outras etnias compõem 3% dos habitantes).

https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/populacao-India.htm

Os dravidianos ou drávidas são grupos étnicos que falam qualquer dos idiomas de uma grande família linguística não indo-europeia no sul do subcontinente indiano. Os dravidianos são uma das populações mais antigas do sul da Índia, Paquistão, Afeganistão,[2] Nepal, Maldivas, Bangladesh e Sri Lanka. Vários estudos concluíram que os dravidianos em geral estão ligados e compartilham uma origem comum com os agricultores neolíticos de Zagros no antigo sul do Irã. Essa ancestralidade neolítica da Ásia Ocidental constitui o principal componente ancestral de todos os sul-asiáticos. Segundo Asko Parpola, os proto-tâmeis, como a maioria dos outros dravidianos, são descendentes da civilização do vale do Indo, que provavelmente também está ligada aos elamitas. (Wikipédia)


Como se pode perceber, ainda há muita polêmica sobre as origens dos povos e idiomas, porém, há um certo consenso sobre a invasão branca no norte da Índia promovida pelos celtas europeus e batisadas com o nome de Migrações Indo-europeias.


Provavelmente o herói civilizador RAMA, cuja vida é descrita no épico Ramayana, tenha sido a condensação em um único personagem das invações celtas sobre os povos que habitavam o Vale do Indo, que trouxeram novas crenças, religiões e costumes.


É o próximo tema.






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