A chamada “Jihad ou Guerra Santa”, que muitos acham que é coisa de terrorista islâmico, foi precedida pela “Guerra Justa”, tese defendida por Santo Agostinho, que de justa nunca teve nada. Na prática, o objetivo sempre foi atender estratégias do jogo de poder. Santo Agostinho viveu entre 354-430 e foi bispo de Hipona, na Argélia, uma colônia do Império Romano, que controlava a Europa, o Norte da África, o Oriente Médio e parte da Ásia. A passagem pelo Estreito de Gibraltar estava segura, mas a faixa que une o continente africano com a Ásia não. Lá existia uma terra chamada Canaã, ou Palestina, que sempre foi um verdadeiro problema. Então, em 380, por razões estratégicas, o Império Romano adotou o cristianismo como religião oficial, contudo, já era tarde demais, Cem anos depois, em 478 foi deposto o último imperador romano.
O enfraquecimento do Império Romano deu margem ao fortalecimento dos povos germânicos, também chamados “Bárbaros”, que passaram a disputar e conseguir as terras que ainda eram dominadas pelo império em decadência. Esses enclaves territoriais tornaram-se independentes, constituindo as bases para a formação de um novo sistema, o Feudalismo europeu, sistema que tem por base a propriedade da terra e o sistema de vassalagem. Assim, as Cruzadas para libertar a Terra Santa estão no centro das disputas territoriais e comerciais, muito além de apenas religiosas. A Igreja católica romana inventou e promoveu as chamadas Cruzadas, com base na "Guerra Justa" de Sto Agostinho, supostamente porque os “infiéis” estavam impedindo os cristãos de fazerem suas romarias para lá. Essa narrativa ocultava o verdadeiro motivo: as rotas comerciais que passavam pela Palestina, para ter acesso ao mar Mediterrâneo e toda a Europa.
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Ocorre que o sistema feudal também deu nascimento aos BURGOS, ou seja, agrupamento de pessoas e trabalhadores que viviam de vender serviços e do comércio dos produtos que vinham de outros lugares. Os nobres possuíam terras, mas não necessariamente dinheiro. Quem possuía muito dinheiro eram os comerciantes. E ter perdido o controle da Terra Santa para os “infiéis” não era nada bom para os negócios da Igreja Romana. E assim foi criada a “Guerra Justa” chamada Cruzada.
Depois que o Império Romano caiu, a Igreja sobreviveu. A partir do século XIII, surgiram as monarquias, centralizadas e poderosas. Mas a Igreja não podia esquecer seus aliados burgueses, ou seja, os comerciantes. Os cruzados voltaram para a Europa trazendo mais do que relatos de guerra. Eles trouxeram novos conhecimentos que impulsionaram o cristianismo. A convocação das Cruzadas foi feita com a garantiado perdão dos pecados e posse do butim de guerra aos que aderissem. A adesão foi grande e os exércitos cruzados tiveram êxito: conquistaram Niceia em 1097, Antioquia em 1098 e Jerusalém em 1099. Mas, essas conquistas não duraram mais que 90 anos, e Jerusalém caiu novamente.
As Cruzadas geraram grandes consequências:
1) Do ponto de vista econômico, elas estimularam o comércio no mercado europeu, fortalecendo os Burgos, e promovendo o desenvolvimento da Europa.
2) Elas estimularam o nascimento da “Burguesia” e do proto-capitalismo. Cidades como Veneza e Gênova viveram um crescimento jamais visto após as Cruzadas.
3) Elas aprofundaram a rivalidade entre cristãos e muçulmanos que dura até hoje.
Ao todo foram oito cruzadas em mais de um século, cujos objetivos iniciais foram sendo substituídos por motivações comerciais. Ao longo desse tempo a Igreja encontrou outros "infiéis" a serem combatidos, só que em vez de combater um inimigo externo, a guerra se voltou contra os próprios cidadãos franceses acusados de heresia: Os Cátaros. As últimas Cruzadas para a Terra Santa e as Cruzadas contra os cátaros ocorreram simultaneamente.
O catarismo foi um movimento medieval que prosperou em diversas regiões da Europa: em Colônia, na Alemanha, na Itália e Espanha, porém mais intensamente no sul da França cujo ápice foi no século 11, quando cidadãos de Languedoc repudiaram a Igreja Católica, chamando-a de "Igreja de Lobos".
Para entender as concepções dos cátaros é preciso situá-los no contexto político da época.A Igreja estava levantando inúmeras catedrais góticas que ainda hoje nos fascinam pela sua beleza e imponência. Contudo, nem sempre nos lembramos de perguntar a que custo tais obras foram feitas. Os cátaros abominavam a opulência destas grandes obras; primeiro, por que eram contrárias aos ensinamentos do Cristo; segundo, pelos impostos escorchantes cobrados da população, sobretudo camponesa.
Em 1147, o papa Eugênio III enviou Bernardo de Claraval, o São Bernardo, ao Languedoc, cuja população tinha grande apreço pelos cátaros, e Bernardo não conseguiu nenhuma adesão. Outras missões foram enviadas: 1178, 1180 e 1181 e obtiveram pouco sucesso. Temerosa, a Igreja mudou de estratégia passando a fazer Sínodos e Concílios, Tours em 1163 e Latrão em 1179, mas nada conseguiram. Quando o papa Inocêncio III chegou ao poder em 1198, ele estava disposto a acabar com os cátaros.
O Papa Inocêncio III decretou a Cruzada contra os Cátaros, uma matança que durou de 1209 a 1244. Inocêncio era filho de um grande senhor feudal. EstudouTeologia em Paris, e Direito em Bolonha, portanto, um jurista de formação. Seu método: os hereges deveriam ser banidos e os seus bens confiscados.
Embora muito duro ao aplicar a Lei contra os cátaros, Inocêncio III se mostrava bastante solícito às iniciativas do seu aliado, o rei franco Filipe Augusto. Juntos, eles estabeleceram a estratégia para atacar os heréticos: Perdoar todos os pecados de quem participasse das Cruzadas e conceder-lhes as terras confiscadas. Essa estratégia era tudo o que o rei Filipe queria. Ele vinha sem saber o que fazer com o número crescente de nobres que não herdavam terras por não serem primogênitos, os quais não tinham mais o que fazer senão participar de torneios de "Justa".
Com anuência do papa Inocêncio III, os nobres sem terra do norte do que hoje é a França partiram com sangue nos olhos pra cima das terras dos condados do Sul. Com isso, o Rei Filipe conseguiu duplicar o tamanho dos seus domínios, traçando o que hoje é o território francês. Essa conquista territorial comecou com seu pai, rei Luís VII, que casou-se em 1132 com Eleonor de Aquitânia, que contava com 14 anos na época, integrando ao reino dos francos. Ela liderou exércitos várias vezes durante sua vida e foi uma das líderes da Segunda Cruzada. Depois de 20 anos sem dar um herdeiro ao trono, a união foi anulada em 1152.
O que restou das concepções religiosas dos cátaros chegou até nós através dos relatórios dos torturadores dizendo que os cátaros acreditavam na existência de dois reinos opostos e coexistentes. O primeiro, comandado por Deus, seria invisível e luminoso, onde só existiria o bem. Já o segundo reino, material e visível, seria controlado pelo diabo. Em outras palavras: segundo o catarismo, o inferno ficava aqui na Terra mesmo. Para eles, o objetivo da vida humana seria escapar do mal purificando o espírito através do aprendizado em muitas reencarnações até a chegadado Juízo Final quando, finalmente, iriam para o reino do Céu.
O “deus bom” era aquele do Novo Testamento, que ensinava os seres humanos a voltarem para a “Casa do Pai”. O “deus mau”, criador dos instintos, da luxúria, da corrupção e da tortura era chamado de Demiurgo, que criou os seres humanos após uma guerra havida no céu e que foi a causa para a queda dos anjos. Depois dela, os seres humanos teriam sido forçados a ficarem presos no reino material, nascendo e renascendo até o Juízo Final, que chegaria quando a quantidade de “homens bons” se igualasse a dos anjos caídos.
Para recuperar o status angelical antes da queda, era preciso renunciar completamente aos desejos materiais, necessário para sair do ciclo das reencarnações. Para romperem com esse ciclo era preciso seguir os exemplos de vida deixados por Cristo, por isso se autodenominavam “bons cristãos”, “bons-homens” e “boas mulheres”.
Os cátaros acreditavam que os animais eram almas reencarnadas e, por isso, proibiam a matança e o consumo animal. Não comiam queijo, ovos, carne ou leite, por serem subprodutos do sexo e meio de trazer novos seres ao mundo. Embora abominassem o mundo terreno, eram contra as guerras, discordando da tese de Santo Agostinho sbre a legitimidade da “Guerra Justa”.
Os cátaros rejeitavam o casamento, pois o sexo havia sido criado pelo Demiurgo, o “deus do mau”, produzindo uma massa de seres dominados por ele. Se o casamento era mau, a reprodução devia ser evitada, pois propiciava a continuidade da cadeia de renascimento e sofrimento no mundo material criado pelo Demiurgo.
Para os cátaros, o sexo era tolerado apenas para as pessoas comuns, uma vez que ignoravam as consequências trazidas para a alma. Já os “perfeit@s” eram celibatários, muito respeitados por levarem uma vida de austeridade e caridade, como os apóstolos, que abraçaram a tarefa de ensinar o Caminho do Cristo aos que desejassem sair da ignorância.
Os “perfeitos” também podiam ser “perfeitas”. Eram chamadas “boas mulheres”. Como os cátaros acreditavam que as pessoas reencarnavam continuamente, um homem poderia reencarnar no corpo de uma mulher e vice-versa, tornando o gênero irrelevante.
Os cátaros acreditavam que depois de tantas encarnações vivenciadas em diferentes gêneros, haveria uma lapidação da alma. Os cátaros entendiam que todo corpo estava vinculado a uma alma.{hoje diríamos que a alma estava relacionada com a personalidade da pessoa}. Já “Espírito” seria a somatória de todas as vidas anteriores, a fusão de todas as “Almas” que aquele espírito peregrino experimentou. Assim, o espírito era desprovido de sexo e de gênero. No entanto, isso era uma aberração aos olhos e ouvidos da Igreja.
Apoiados em João evangelista, tal qual fizeram os gnósticos antes deles, os cátaros veneravam Maria Madalena, dando a ela mais importância que a Pedro, a “pedra” sobre a qual foi construída a Igreja. Madalena havia sido mestra entre os apóstolos e, segundo as lendas, evangelizou o sul da França, vivendo com simplicidade até sua morte. A exemplo de Madalena, muitas mulheres foram admitidas como “perfeitas” entre os cátaros, sendo que várias receberam o “consolamentum” após a viuvez.
O “consolamentum” era o único sacramento ministrado pelos cátaros para admissão de novas pessoas. Era uma benção que, grosso modo, tinha o mesmo significado de batismo e ordenação, que era dada exclusivamente aos “perfeitos”; aos demais ele era ministrado na hora da morte, como extrema-unção.
No século 13 o avanço dos cátaros havia se tornado o maior desafio à ordem imposta por Roma, já que eles já estavam se espalhando por regiões distantes como Alemanha, Espanha, Itália e Inglaterra. Abalada em seus alicerces, a Igreja de Roma não exitou em promover uma chacina no sul da França, para servir de exemplo aos que tentassem se meter no caminho do clero.
A Igreja de Roma traçou uma estratégia para que houvesse adesão à repressão. Primeiro ela começou lançando mentiras contra os cátaros, dizendo que eles eram partidários do Diabo; que eles chamavam Deus de Demiurgo; que eles eram contra a “família”, que não aceitavam o casamento e nem o batismo; que eram contra a ordem natural das coisas, pois igualavam as mulheres aos homens, que, para a Igreja, isso era um completo absurdo.
Como o sul da França estava fervilhando de cátaros e simpatizantes, os nobres sem terra do norte, que se deslocaram para o sul "com sangue nos olhos". E deu certo! A cruzada contra os cátaros teve como consequência direta o aumento de 50% do território que hoje conhecemos como França.
O exército cruzado chegou liderado espiritual e militarmente por Arnaud Amalric, abade de Cister, congregação criada por Bernardo de Claraval. Chegou à cidade de Béziers em julho de 1209. Os católicos foram avisados com antecedência para que deixassem a cidade, mas muitos preferiram ficar e lutar ao lado dos cátaros, que se refugiaram dentro da igreja. Perguntado como distinguir entre católicos e cátaros disse o Bispo: Matem todos, Deus reconhecerá os seus! A igreja de Béziers foi incendiada e desabou. Segundo os registros, pelo menos 7 000 pessoas entre homens, mulheres e crianças morreram no incêndio. Agradecido, Inocêncio concedeu os bens dos derrotados aos cruzados.
Diante da perseguição implacável da Igreja católica, os cátaros se refugiaram na Fortaleza de Montségur, e depois de um ano em que esteve sitiada, em 1244, houve o massacre no qual mais de duzentos homens e mulheres cátaros foram queimados vivos. As condenações à fogueira continuaram até o outono de 1321 em que o último “perfeito” foi executado. Contudo, os cátaros não foram os únicos a sofrer perseguição do Vaticano: As Beguinas entraram na mira.
Por volta de 1170 nasceu uma associação de mulheres devotadas à vida religiosa, mas sem fazer votos monásticos. Não sabemos como elas se autodenominavam, porém seus oponentes as chamavam de “Beguinas”. Eram mulheres solteiras ou viúvas, que se juntavam nas periferias das cidades para ajudar os pobres. Rapidamente, os beguinários, como eram chamados os lugares em que elas habitavam, começaram a pipocar pela Europa e influenciar profundamente a religiosidade das pessoas ao comparar a simplicidade das beguinas com a opulência da Igreja.
No início, o clero oficial achou que as beguinas eram inofensivas e úteis. A prepotência machista do clero não enxergava nelas nada de ameaçador ou fora de controle. No entanto, quando elas se consolidaram como organização de mulheres livres, sem subordinação ao poder masculino, seja na família, ou na estrutura da Igreja católica, elas começaram a ser perseguidas.
A hierarquia eclesiástica passou a ter medo dessas mulheres que se conduziam fora do controle da igreja, com independência econômica e com autonomia religiosa, já que não pertenciam nem a conventos nem a congregações.
Le petit béguinage de Gand. Louis Tytgadt, 1886. routardenvadrouille.e-monsite.com
Em 1259 a Igreja promoveu um Sínodo e elas foram proibidas de pedir auxílio para distribuí-los aos pobres. Dois anos depois, em 1261, outro Sínodo acusou as beguinas de promoverem escândalos; no ano seguinte, outro Sínodo condenou a independência das beguinas e determinou a obrigação de se confessarem regularmente, sob pena de excomunhão. Outras condenações foram proclamadas sucessivamente até que o maior golpe foi dado no Concílio de Viena, em 1312, que proibiu a existência delas condenando-as como heréticas. Perseguidas, muitas beguinas foram para a fogueira.
Infelizmente, o show de horrores não acabou por aí. As cruzadas, criadas uma a uma, deram origem à Santa Inquisição, ou Tribunal do Santo Ofício, uma instituição jurídica e permanente da Igreja Católica Romana, que começou na França, criada pelo papa Gregório IX em 1233. Além da heresia era preciso combater a bruxaria. Essa inovação veio com o Tribunal do Santo Ofício, ou Santa Inquisição. Toda mulher que tivesse um gato preto ou que conhecesse o poder das ervas, ou ainda, que fosse parteira, era alvo de inquérito, Sempre debaixo de muita tortura, "em nome de Deus".
Homens e mulheres eram acusados de heresia. MAS, feitiçaria, magia e bruxaria eram crimes atribuídos quase que exclusivamente às mulheres. Elas eram temidas pela Igreja, já que as ervas que curam também podem matar. Durante as prisões e interrogatórios, as mulheres eram pesadas, medidas, vistoriadas, sobretudo em sua intimidade. Os inquisidores tinham uma fascinação mórbida pelo corpo feminino. Milhares de mulheres foram mortas pela Inquisição, acusadas de fazer pacto com o demônio. Elas eram presas e mortas às centenas.
Naquela época existia um imaginário muito doentio em relação à mulher. Elas eram consideradas bruxas, pecadoras, demoníacas, sexualmente insaciáveis, etc, etc, etc... Na verdade, o único pecado destas mulheres era conhecer os segredos das ervas e da divina proporção entre o que mata e o que cura, entre o veneno e o remédio, que é a mistura correta dos elementos da natureza.
Em 1484 foi escrito o Malleus Maleficarum (O Martelo das Feiticeiras) produzido pelos inquisidores Heinrich Kramer e James Sprenger, que descreveram com abundância de detalhes as formas de identificar uma bruxa. Milhares de mulheres foram queimadas vivas, principalmente as parteiras, acusadas de matar os recém-nascidos para entregá-los ao diabo. Coincidência ou não, isso ocorreu logo após a criação dos primeiros Cursos de Medicina, dos quais elas estavam excluídas.
Um decreto papal do Papa Bonifácio VIII chamado Periculoso, emitido em 1298, determinou a clausura para todas as freiras católicas. A partir desta data as monjas foram proibidas de fazer pregações nas igrejas, de conduzir retiros espirituais, de cantar nas missas públicas e de fazer atendimento de saúde para a comunidade. Desde então elas tiveram que permanecer reclusas atrás das paredes dos conventos e dentro de suas celas e capelas.
O que os cursos de medicina tem a ver com bruxaria, inquisição e reclusão de monjas? Tudo!
Enquanto as monjas estavam trancafiadas em seus conventos e as cidades sentiam o cheiro fétido dos corpos de parteiras e raizeiras queimadas nas fogueiras da Santa Inquisição, os médicos recém saídos dos primeiros cursos de medicina começaram a entrar muito lentamente na cena do parto. Hoje muitas mulheres e maridos questionam se isso foi uma boa, diante de tantas aberrações que estamos vendo nos dias atuais.
Pode ser mera “coincidência”, mas o fato é que os homens só entraram na cena do parto depois da eliminação das parteiras nas fogueiras da Santa Inquisição.
Quando uma mulher não conseguia dar à luz normalmente e as parteiras não conseguiam resolver o problema, só restava chamar um "cirurgião prático", que eram os castradores de animais, pois dispunham dos instrumentos para cortar e sabiam estancar as hemorragias; ou os barbeiros da época que também arrancavam dentes e cuidavam de abscessos, também poderiam ser chamados. Os médicos formados pelos cursos de medicina que haviam acabado de nascer raramente cuidavam desses casos, mas poderiam ser solicitados em momentos difíceis.
No entanto, nenhum deles sabiam nada do mundo feminino e menos ainda do parto, por isso o grau de sucesso era quase nulo. Acontece que, com a perseguição das parteiras, muitas vezes eles eram a única opção, mesmo que, em geral, não se saísse melhor que elas. No entanto, a diferença entre ambos era que, com ele não acontecia nada diante do insucesso, porém a parteira era acusada de bruxaria, caso a mãe ou o bebê morressem.
Esse show de horrores deve servir para demonstrar que uma luta verdadeiramente justa não pode ser feita nem com armas de metal nem com armações mentirosas. As armas de metal trouxeram muita desgraça: os punhais dos sicários, as lanças dos romanos, as espadas dos templários, as guilhotinas dos franceses, as máquinas medievais de tortura. Nossas armas não podem ser bombas, tanques, rifles ou pistolas. Hoje nossa arma é o voto e nossa munição é o CUIDADO. Cuidar de nós, cuidar dos outros, cuidar dos excluídos, cuidar do Brasil, cuidar do nosso planeta.
Bibliografia
Alder Júlio Calado. O Movimento das Beguinas: interfaces e ressonâncias em experiências sociorreligiosas femininas do presente. Revista on-line Consciência.net. Leandro da Motta Oliveira. Marguerite Porete e as Beguinas: a importância das mulheres nos movimentos espirituais e políticos da Idade Média. Brasília, DF: UnB, Dis. Mestrado, 2018.
Magda Duarte. Negociando com o Papa. Ed. Appris.
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