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COMO SUPERAR O MACHISMO?


Machismo é a hipervalorização do homem através da anulação, discriminação e subordinação da mulher.

Machismo é atitude preconceituosa é virilidade agressiva.

Machismo é o exagerado senso de orgulho de ter nascido homem (aliás, os judeus costumam rezar todos os dias agradecendo a Yavé por não ter nascido mulher). Machista é a ideia errônea de que os homens são "superiores" às mulheres.

Machista é aquela pessoa (homem ou mulher) que acredita que homens e mulheres já nasceram com direitos superiores, que o homem é superior e a mulher é inferior, física, intelectual e socialmente.

Machista não é apenas o homem que agride fisicamente uma mulher, que usa de violência psicológica para garantir seus interesses ou que use argumentos religiosos para convencer a parceira de que ela lhe deve total obediência.



A sociedade é machista e a Igreja Católica Romana tem muito a ver com a situação de subordinação das mulheres há milênios, pois seu mito de fundação a coloca como tendo sido criada a partir de uma costela do homem, sendo portanto sua inferior e lhe devendo obediência. Essa discussão já foi feita em uma live com Mauro Lopes no canal Paz e Bem #1231 - O mito da criação e a história (censurada) de Lilith. Se você quiser poderá encontrá-la aqui:


Na verdade, o feminino nunca terá espaço numa sociedade machista, pois o menino é ensinado e estimulado a ser machista, com a benção da sua própria mãe e da Santa Madre Igreja. Tudo começou quando a religião judaico-cristã excluiu o aspecto feminino da divindade. A mulher está presente no catolicismo, porém, apenas no aspecto materno de Maria, suprimindo a mulher que existe nela. Eu discuto isso na live: Quem precisa das mulheres em um mundo de homens?



Apesar de propagar, não foi a Igreja quem inventou o machismo. Os estudos sociológicos e antropológicos demonstram que quando o homem resolveu apontar as armas que eram usadas na caçada aos grandes animais para seus iguais, aí começou o problema do “EU”, do “MEU”, que acabaram com o “NOSSO”. Essa história está contada no Gênesis.



Muito provavelmente a transição das civilizações nômades para sedentárias, com o surgimento da agricultura e do pastoreio, que teve início a ideia de "quem pode mais chora menos" e com ela a supremacia masculina. Nos seus primórdios foi tudo muito lento, afinal não era fácil desbancar a Grande Mãe. Mas, o individualismo não veio sozinho. Ele surgiu por causa do desejo de deixar suas riquezas para os “seus” herdeiros. A PROPRIEDADE PRIVADA, cujo símbolo é a CERCA, colocou a mulher para servir de REPRODUTORA, tal qual o rebanho. Simples assim!



A instituição da CERCA e, portanto, da HERANÇA, criou a necessidade de controlar a sexualidade feminina impondo-lhe restrições. Só o DONO DA CERCA é quem poderia ter acesso à mulher a fim de garantir que os filhos paridos fossem REALMENTE do seu "proprietário". Esse domínio estabeleceua supremacia masculina e a mulher como objeto, como coisa a ser possuída.

Há mais ou menos dez ou doze mil anos atrás, desde o aparecimento da agricultura, da domesticação dos animais e da sedentarização dos seres humanos, a mulher foi perdendo gradativamente seus direitos até ficar completamente subordinada ao homem, ao PÁTRIO PODER exercido pelo PAI da FAMÍLIA.


Fundada no império Greco-Romano a família patriarcal foi sendo propagada para todos os continentes ao longo da história, estabelecendo seu domínio com base na hierarquia e na dominação, A família tem reproduzido o esquema da “CERCA”, mesmo quando o homem não tem "eira e nem beira".



A origem etimológica da palavra "família", vem do latim "famulus", quer dizer "escravo doméstico".

Assim sendo, família é o conjunto dos escravos pertencentes e dependentes de um PATER FAMILIAE.

A palavra pátria é derivada de PATER e relaciona-se ao conceito de país, do italiano paese, que por sua vez é originário do latim pagus, que significa aldeia. De pagus vem pagão cujo significado original era aldeão. Assim, Pai, pagão, País, Pátria, patriarcado e são palavras que têm a mesma raiz.



Estas três palavras são sinônimos de exclusão:

O DEUS ÚNICO exclui deuses e deusas. O termo "Pátria" é derivado de PATER, que significa PAI, que exclui do poder todos aqueles que são considerados "fracos". E, finalmente, FAMÍLIA é o conjunto de pessoas comandadas pelo PATER FAMÍLIAE, todas elas consideradas "escravas" do seu proprietário, inclusive a mulher.



A tradição patriarcal greco-romana foi responsável por construir os papéis sociais de PROVEDOR e de DONA DE CASA. Isso era válido para a elite, visto que as mulheres pobres sempre trabalharam fora de casa.


O homem da elite deveria prover a família em suas necessidades materiais e a mulher deveria ser a BELA e RECATADA do LAR. Fundava-se então o domínio do PÚBLICO para o homem, e o PRIVADO para a mulher. Esse costume, assim como tantos outros, foi copiado pela classe trabalhadora, mesmo que ela não tivesse um gato para chamar de seu.


Quando surgiu o Sistema Capitalista, ele aproveitou-se da tradição cultural existente há milênios e manteve a ideia de exclusão da mulher do mercado de trabalho. Na comcepção ideológica capitalista, a mulher deveria permanecer em casa, cuidando do marido e dos filhos, embora fosse apenas uma ideia propagandística, pois na dura realidade dos menos afortunados, a mulher que não se enquadrava na elite, estava destinada ao trabalho duro, mal-remunerado, ganhando menos que o homem por um trabalho similar e, além disso, sempre lhe coube reproduzir a força de trabalho para que os salários se mantivessem muito baixos, eternizando a exploração.


No entanto, como as duas guerras mundiais levou grande parte dos homens para as trincheiras, foi necessário conclamar as mulheres ao trabalho, sobretudo na indústria.


https://sv.wikipedia.org/wiki/Feminism


E das fábricas elas nunca mais saíram. Os governantes até tentaram mandar as mulheres de volta para casa, mas não deu certo. E não foi nem por gosto, ou por escolha. Não havia outro jeito. Somados, os salários recebidos pelo casal eram muito baixos para prover a família, portanto, elas tiveram que continuar trabalhando, fora e dentro de casa.



https://de.wikipedia.org/wiki/Sozialdemokratische_Partei_der_Schweiz


Foi a ganância do próprio sistema capitalista que impediu que o homem pudesse continuar sendo o mantenedor da família como nos tempos romanos. Foi o próprio sistema capitalista que acabou com a tradição patriarcal em que o homem era o PROVEDOR. Pagando cada vez menos a fim de extrair maiores lucros, o capitalismo obrigou a mulher a prover o sustento da família quando sozinha, ou compartilhar essa obrigação com o marido quando casada.

Mulheres americanas substituindo os homens durante a Guerra em 1945.


A partir da segunda Guerra Mundial, as mulheres tiveram que acumular massivamente duas jornadas de trabalho, sempre com salário inferior ao do homem pelo mesmo serviço. No entanto, embora a mulher tivesse sido obrigada a prover o sustento da família, o homem manteve as “regalias patriarcais”...



Com essa brevíssima análise é possível constatar que o patriarcado é "pai do machismo", que ambos surgem como um sistema amalgamado de dominação da mulher e dos filhos pelo homem, sendo que a eles se somou o capitalismo, que é o sistema de dominação do trabalho pelo capital. Patriarcado+Machismo e capitalismo são faces da mesma moeda. Não dá para combater um lado sem superar o todo.


É possível constatar que, mesmo nas tentativas de superar as grandes contradições do capitalismo, o sistema patriarcal ainda permanece arraigado nas sociedades contemporâneas, procurando manter quase intocada a subalternidade feminina. Conquistas foram feitas pelas mulheres? Sim! Mas ainda falta muito para superar os desafios que ainda estão por conquistar.



Trocando em miúdos, podemos dizer que o machismo é fruto do sistema patriarcal, que existe desde a Revolução Agrícola, época em que a Grande Mãe foi substituída pelo Deus Pai; que o machismo foi preservado pelo capitalismo ao inserir a mulher no mercado de trabalho, mesmo contrariando a maior regra patriarcal que dizia ser o homem o PROVEDOR da família; que o machismo agora é chamado de ESTRUTURAL, exatamente por fazer parte da própria essência da nossa civilização.

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Mas, se o "machismo estrutural" é a valorização excessiva do homem, o que significa ser homem? Que características definem a superioridade masculina? Por que a mulher só pode "ver", "falar" ou "ouvir" aquilo que os homens da "família" permitirem?



Assim como Simone de Beauvoir disse que “Ninguém nasce mulher, Torna-se mulher”, podemos afirmar, sem medo de errar que NINGUÉM NASCE MACHISTA, TORNA-SE MACHISTA”. Como qualquer outro preconceito, O MACHISMO não é inato, mas culturalmente construído pelos pais e mães, professoras/es, programas televisivos, religiões etc.



Ninguém nasce homem ou mulher. Estes “papéis sociais” são construídos pela cultura, pelas normas sociais, pelos preconceitos, pelas religiões... E se esses papéis sociais se mostram tão resistentes ao longo de milênios é porque sua manutenção interessa a uma parcela da civilização: Aos machos! Somente a eles? Será que existem mulheres machistas?



Infelizmente sim! E a "fofoca" não é o pior dos malefícios. Apenas para citar um exemplo, a Organização Mundial da Saúde condena a prática demutilação dos órgãos genitais femininos por não ter qualquer justificativa médica. E ele é praticado por mulheres. Determinados grupos sociais o praticam em nome da cultura e temos que combatê-los em nome do respeito à mulher. Ninguém tem o direito de mutilar outro ser humano. E muitas vovós e mamães africanas e indonésias fazem isso. Mas, por que elas praticam tal insanidade? Pasmem! Por duas simples razões: religiosa e pelo machismo cultural.



Em nome da pureza religiosa o orifício vaginal das meninas é costurado. Quando ela se casar esse procedimento aumenta o prazer do seu marido. Além disso, esse procedimento também é realizado para remover o clitoris impedindo o prazer da mulher na relação sexual, evitando que ela seja infiel ao marido, já que ela não terá prazer nem com ele, nem com outro qualquer.


Omnia Ibrahim, blogueira e cineasta do Egito conta: "Quando fui submetida à mutilação, minha avó me disse que era para todas as meninas se tornarem puras, que sexo é pecado”. "Omnia afirma que "Você é um cubo de gelo. Não sente nada, não tem desejo, nenhum prazer". Omnia teve que lutar contra o impacto psicológico da mutilação genital durante toda a sua vida, e nada pode reverter essa situação.



A Mutilação Genital Feminina é praticada em meninas de tenra idade. Quanto mais novinha, melhor, dizem as avós e mães dessas infelizes meninas.


Dito isso, podemos afirmar que Machista estrutural são homens e mulheres que promovem a violência contra a mulher, são homens e mulheres que excluem de si o Princípio Feminino que cuida, acolhe e aconchega. A violência é sempre um sintoma de sociedade machista, preconceituosa, excludente, polarizada.



E tudo isso é ensinado desde antes de nascer. Meninos vestem azul e meninas vestem rosa! Há diferenças entre homens e mulheres? Sim, há diferenças, mas nenhuma justifica a opressão da mulher.



Todos os dias, filhos se deparam com o machismo. É no dia-a-dia que as crianças adquirem conceitos e preconceitos. É no cotidiano que as crianças aprendem o significado de relacionamentos abusivos. É dentro de casa que elas aprendem o significado de "violência".. Se o exemplo é melhor do que as palavras, não se pode negligenciar o poder da informação. As crianças precisam saber que:


1) Foi sob a bandeira de que “o pessoal é político”, as mulheres começaram a denunciar o mito da divisão entre o público e o privado, demonstrando que a situação de subordinação da mulher é histórica e socialmente construída.



2) A sociedade exige que a mulher procrie a fim de garantir um amplo “exército industrial de reserva”, necessário para manter os salários cada vez mais baixos. “O medo de perder o emprego obriga que se aceite um salário cada vez menor. A discussão interminável, improdutiva e mal formulada sobre o aborto deve ser vista sob esse prisma. Nenhuma mulher “deseja” abortar, no entanto ela é “obrigada” a colocar crianças no mundo, futuros assalariados ou desempregados unicamente para manter as altas taxas de lucros no sistema produtivo.



3) Se hoje as mulheres podem exercer o direito de votar nas eleições, isso se deve às lutas travadas por muitas pioneiras. O movimento sufragista surgiu na Inglaterra com grande repercussão em algumas de suas colônias, no século 19, quando muitas intelectuais começaram a questionar o sistema patriarcal. Esse movimento pode ser considerado a primeira onda do feminismo. O primeiro país a reconhecer o direito ao sufrágio feminino foi no ano de 1893, na Nova Zelândia, uma colônia da Inglaterra desde 1769.No entanto, as inglesas só conquistaram o mesmo direito em 1918, no final da 1ª Grande Guerra, em que grande parte dos homens ingleses havia morrido, então as mulheres conseguiram aprovar suas antigas reivindicações. Em 1920 foi a vez dos Estados Unidos da América aprovarem o voto feminino. A França só reconheceu esse direito em 1945, fim da Segunda Guerra Mundial.



4) Muito antes das francesas, a mulher nordestina ousou o impensável: no ano de 1929, Alzira Soriano candidatou-se ao cargo de prefeita do município de Lajes, no Rio Grande do Norte, e venceu as eleições, tornando-se a primeira mulher eleita para um cargo político no Brasil. Três anos depois, Getúlio Vargas assinou o Decreto Lei 21.076 de 1932, que criou a Justiça Eleitoral e instituiu o direito de voto para a mulher.No entanto, esse marco inicial restringia o direito ao voto às mulheres casadas, com autorização do marido, e às viúvas que tivessem renda própria. As solteiras ficaram de fora. Apenas em 1946 essas limitações deixaram de existir.




5) Bertha Maria Júlia Lutz (de óculos escuros) é conhecida como a maior líder na luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras. Nascida em São Paulo, no dia 2 de agosto de 1894, filha da enfermeira inglesa Amy Fowler e do pioneiro da Medicina Tropical Adolfo Lutz, Bertha foi educada na Europa, formou-se em Biologia pela Sorbonne e tomou contato com a campanha sufragista inglesa. Ela se empenhou pela aprovação da legislação que outorgou o direito às mulheres de votar e de serem votadas. Tais exemplos confirmam que as conquistas não acontecem se não existirem aqueles e aquelas que tenham coragem para enfrentar os desafios, os preconceitos e a ignorância. Se não fosse pela luta dessas mulheres, não teríamos votado nas últimas eleições.


6) Com o Estatuto da Mulher Casada, de 1962, a mulher conquistou o direito de trabalhar fora de casa sem precisar da autorização do marido. Mais recentemente, duas leis se tornaram símbolos de resistência contra a violência doméstica e o feminicídio: Lei 11.340/2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, que transformou a maneira como a violência doméstica é tratada pela Justiça. Lei 13.104/2015, que altera o Código Penal de 1940, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio. "Quando o homicídio é resultado de violência doméstica, praticada pelo cônjuge, parceiro ou qualquer outro familiar da vítima, o caso pode ser tratado como feminicídio".



Ainda há muito a ser feito para desconstruirmos a sociedade violenta que construímos e substituí-la por outra, mais acolhedora. Ser gentil vai muito além de ser “cavalheiro”. Homens e mulheres devem ser gentis com qualquer pessoa, independente do gênero, da cor e da idade. Dar limites para as crianças é necessário, mas não precisa bater. A dupla jornada de trabalho é uma realidade e tem que mudar. Dividir as tarefas em casa não é “ajuda”, mas obrigação.



Permitir que crianças descubram suas habilidades e potencialidades é humanizar a educação. Quando os adultos dizem que “menino não pode isso” ou que “menina não pode aquilo”, eles estão impondo uma realidade psíquica que pode não corresponder à essência daquela criança. Não permitir que a criança seja o que ela é pode ter o mesmo significado psicológico que a mutilação física.



É preciso construir uma masculinidade positiva. Não ser cúmplice do opressor e fazer o trabalho de formiguinha. Apesar de pequenas, elas são assustadoramente fortes.

E texto foi apresentado em uma live do Canal Paz e Bem:



Bibliografia



Repense o elogio:


Machismo infantil existe e precisa ser discutido:




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