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13 - O JUDAÍSMO NASCEU DO ATONISMO?

Atualizado: 29 de jan. de 2022


https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Maurycy_Gottlieb_-_Jews_in_the_Synagogue_1878.jpg

O cristianismo nasceu do judaísmo sem sombra de dúvida, porém, este nasceu do atenismo? O que o Deus Único judaico-cristão tem em comum com Aton, o Deus Único de Akhenaton?


O nome de Deus foi escrito como YHWH, mas a tradição hebraica insiste que seja pronunciado como ADONAI, muito diferente de YHWH para ser considerado uma forma alternativa para a palavra. Adonai é o plural enfático de Adon, tal qual Elohim é o plural de El, como nos ensinou Ahmed Osman.


Adon é uma palavra que tem a mesma raiz ou origem etimológica de Atum, Aton, Aten e também de átomo, mas, é igualmente raiz para Adonis e Adonai, cujo significado é "primeiro", "único", "indivisível". As palavras At n

um, Aton, Adon e Aten estão associadas à adoração do Sol. Uma vez que as letras "D" e "T" são intercambiáveis, especialmente no norte do Levante, ou seja, na região onde ficava Mitani e Harã, Adon era Aton, o deus de Akhenaton. Quando os egípcios proibiram o atenismo em todo o território do Egito, inclusive em Canaã, os hebreus não podiam desafiar a lei. Então, apenas em reuniões fechadas de oração eles pronunciavam o verdadeiro nome de Deus: Adonai, nas palavras de Osman.


Para Charles Chandler o Atenismo é a fonte do judaísmo primitivo. Diz ele: Após o exílio dos hereges de Amarna o atenismo ressurgiu no judaísmo onde começaram a ensinar uma nova fé. Os paralelos mais importantes entre o atenismo e o judaísmo são: A semelhança entre o Grande Hino a Aton, encontrado na tumba de Ay em Amarna e atribuído a Akhenaton, e o Salmo 104, encontrado no Tanakh. Observa-se que no Judaísmo os Salmos compõem o único livro do qual as orações são recitadas diariamente, e os judeus ortodoxos recitam especificamente o Salmo 104 em sua totalidade todas as manhãs, até os dias atuais. Outro paralelo é a semelhança entre a descrição da Arca da Aliança nas Escrituras e a Arca de Anubis, encontrada na tumba de Tutankamon.

http://qdl.scs-inc.us/2ndParty/Pages/8232.html


Diz Chandler, no Egito era comum o uso da arca para transportar um conteúdo importante. Se fosse dedicada a um deus específico, poderia haver uma representação da divindade no topo, como Anubis, filho de Osíris e Nephthys. A simbologia de Anubis é "Aquele que conduz no deserto". Quando as pessoas se encontravam perdidas no deserto era fundamental encontrar as pegadas desse animal, pois elas sempre conduzem em direção a um oásis, portanto, à salvação.


Pinterest


As andanças no deserto durante 40 anos, transportando algo precioso, lembra muito os símbolos egípcios que os hebreus conheciam muito bem quando estiveram exilados no Egito. Eles conheciam o simbolismo da arca e dos querubins, por isso adicionaram esta peça à tradição hebraica.


Contudo, no judaísmo, a presença dos querubins no topo da Arca da Aliança é estranha, pois estes poderiam ser transformados em objetos de adoração, uma vez que seus seguidores periodicamente caíam na idolatria nos momentos de fraqueza e, como se sabe, a idolatria é explicitamente proibida no contexto mais amplo do Judaísmo.


Outra possibilidade é que os querubins tenham entrado no judaísmo durante o Cativeiro Babilônico, pois eram populares na Babilônia apesar de raros em Canaã. Com a proibição da idolatria, diz Chandler, e a proibição de adorar os inúmeros deuses, as únicas criaturas míticas que sobreviveram no judaísmo foram os anjos, que são como pessoas, mas com asas, capazes de cruzar a fronteira entre este mundo e os outros. Os querubins judeus e egípcios são representados assim:


Replica da Arca da Eliança. George Washington Masonic National Memorial https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Royal_Arch_Room_Ark_replica_2.jpg

Os querubins judeus mantém o mesmo simbolismo que os seres alados egípcios. Eles indicam que o objeto de adoração está dentro e não acima, os seres alados estão colocados nos cantos do sarcófago para guardar o conteúdo, o corpo do faraó.


Outro paralelo entre o Atenismo e o Judaísmo, segundo Chandler, são os nomes e funções dos dois principais oficiais religiosos sob Akhenaton e sob Moisés. Os dois maiores sacerdotes de Akhenaton eram: Meryre II, o Sumo Sacerdote de Aton no templo de Amarna, e Panehesy, o Servo Chefe de Aton no templo de Akhenaton.


Os dois maiores sacerdotes de Moisés foram: Merari, filho de Levi, cujos descendentes foram os responsáveis pelo tabernáculo, e Fineias, filho de Eleazar, cuja família era responsável pelo santuário. Acontece que no Talmud Fineias é Pinhas, o equivalente egípcio a Panehesy.


Além dessa "coincidência"(?), o pai de Moisés, “Amram”, no Alcorão é chamado de “Imran”. Ocorre que Im-r-n, é uma palavra em egípcio e é outro nome de Aton.


Outro paralelismo entre judaísmo e atenismo, diz Chandler, é a tradição hebraica de guardar o sábado, Shabat. Ao se analisar esta palavra temos que a forma grega é sabbaton, que deu origem ao sabbatum usado na Babilônia tardia, que significava sabbath, palavra que tem duplo significado: "pacificar" e "Sol". Esta seria uma mistura estranha de significados, a menos que, é claro, a palavra fosse originalmente uma combinação de “saba”, que significa “sete” e Aton, quando a cada 7 dias o povo de Amarna se pacificava e adorava o deus Sol. Diante destas evidências, Chandler conclui que as duas religiões compartilhavam o mesmo núcleo. Além disso, segundo ele, é difícil acreditar que grupos isolados de iletrados pastores de ovelhas nas montanhas da Judeia tenham ido direto do paganismo primitivo para as abstrações do judaísmo primitivo. Por outro lado, houve uma progressão teológica constante no Egito, primeiro com o conceito de Atun, desenvolvido durante as primeiras dinastias, depois retomado no Templo de Om em Heliópolis, sobretudo durante as dinastias dos reis hicsos {que para alguns teóricos eram os hebreus}, posteriormente reinterpretado por Akhenaton que o chamou de Aton {Atum+Om = Aton}.

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Gravado na tumba destinada ao faraó Akhenaton, em Amarna, que jamais foi usada por ele, encontra-se o Grande Hino a Aton, disposto em treze colunas verticais de hieróglifos. É o principal documento para o estudo das concepções religiosas desenvolvidas por Akhenaton, composto em meados do século 14 aC. Os túmulos de pedra de vários cortesãos em Amarna {Akhetaton, a cidade fundada por Akhenaton} têm orações ou hinos semelhantes à divindade Aton, mas a versão longa foi encontrada na tumba do faraó Ay, sucessor de Tutankhamon, filho de Akhenaton. Diversos autores destacam a semelhança entre o Hino de Akhenaton e o Salmo 104 da Bíblia.


GRANDE HINO A ATON


Tu surges belo no horizonte do céu, ó Aton vivo, que deste início ao viver. Quando te ergues no horizonte oriental, todas as terras se enchem de tua beleza. Tu és belo, grande, resplandecente, excelso sobre todo o país; Os teus raios iluminam as terras até o limite de tudo o que criaste.

Tu apareces na perfeição da tua beleza,

No horizonte do céu, Disco vivente, Criador de vida;

Tu és belo, grande, brilhante. Erguido acima de todo o universo,

Os teus raios abraçam as regiões até ao horizonte de tudo o que crias.

Tu és o princípio solar [Ra], reges os países até os seus limites,

Tu os ligas pelo do teu filho que amas. Tu te afastas, no entanto, os teus raios tocam a terra;

Tu estás diante dos nossos olhos, o teu caminho permanece desconhecido;

Tu te deitas no horizonte ocidental, o universo está nas trevas, como morto.

Os homens dormem em seus quartos, com a cabeça tapada, e ninguém reconhece seu irmão.

Roubam-lhes os bens de debaixo da cabeça, e eles não se apercebem.

Todos os leões saem dos seus esconderijos, todos os répteis mordem.

O mundo jaz em silêncio, pois existe a mais profunda treva.

O seu criador repousa no horizonte.

Tu [Aton] te ergues na aurora, no horizonte, Tu, disco solar, Brilhas durante o dia,

Tu dissipas as trevas, expandes teus raios.

O duplo país está em festa. Os homens despertam. Erguem-se sobre os seus pés,

Pois és tu que fazes com que eles se levantem. Lavam-se os corpos e depois se vestem,

Seus braços desenham gestos de adoração quando tu te ergues.

O universo inteiro põe-se a trabalhar,

Cada rebanho satisfeito com a sua pastagem. Árvores e ervas verdejam,

Os pássaros, que voam de asas abertas para fora dos ninhos,

Executam atos de adoração ao teu Poder vital.

Todos os animais saltitam sobre as patas, todos os que voam, todos os que movem vivem ao teu acordar.

As barcas dão à vela, subindo e descendo a corrente, cada dia está aberto, tu apareces.

No rio os peixes saltam em direção a ti. Os teus raios penetram no coração da Terra Verde [o mar].

Tu fazes com que o embrião nasça dentro das mulheres. Tu produzes a semente dentro do homem,

Tu dás vida ao filho no seio materno, tu o apazíguas como quem para as lágrimas.

Tu és a ama-de-leite do que ainda se abriga no seio,

Tu dás constantemente o sopro para conferir vida a todas as criaturas.

No momento em que a criatura sai da matriz para respirar,

Tu lhes abres completamente a boca, tu ofereces o que é necessário.

O pequeno pássaro está no ovo, pipila na sua casca. No interior tu dá-lhes o sopro, tu lhes dá vida.

Tu ordenaste para ele, um tempo de gestação medido com rigor, tornando-o completo;

Ele quebra a sua casca por dentro e no instante fixado, ele sai e marcha em seus pés.

Como são numerosos os elementos da criação, ocultos aos nossos olhos,

Deus único sem igual. Tu crias o universo segundo o teu Coração consciência, quando estavas sozinho.

Homens, rebanhos, animais selvagens, tudo o que vive sobre a terra,

Deslocando-se abre os próprios pés, tudo que está nas alturas e voa, asas estendidas,

Tu colocas cada homem na sua função, tu lhes concede o que lhe convém.

As línguas são múltiplas na sua maneira de se expressar, seus caracteres são diferentes.

A cor da pele é distinta, tu diferenciaste os povos estrangeiros.

Tu crias um Nilo no mundo inferior e o fazes surgir segundo a tua consciência,

Para dar vida aos homens do Egito, assim como a fizeste para ti mesmo.

Tu és seu Senhor, tu cuidas deles, Senhor de todas as regiões, tu te ergues em benefício delas.

Disco do dia, grande de dignidade, dás vida a cada país estrangeiro, ainda que afastado.

Tu colocas um Nilo no céu, e ele desce para eles, ele dá forma às correntes de água

Para regar os seus campos e as suas cidades. Como são excelentes os teus desígnios.

Ó Senhor da eternidade!

O Nilo no céu é um dom de Ti aos estrangeiros, para todo animal do deserto que anda sobre as próprias patas; Para a terra Amada [O Egito], o Nilo vem do mundo inferior.

Os teus raios amamentam todos os campos, tu te ergues, eles vivem, crescem para ti.

Tu regulas harmoniosamente as estações, tu desenvolves toda a criação.

O inverno tem por função dar o frescor, o calor fazer com que os homens te apreciem.

Tu crias o céu ao longe, tu te ergues nele, tu abraças todo olho da criação.

Tu permaneces em tua unidade. Tu te levantas em sua forma de disco vivo.

Que aparece e resplandece, que está distante e que está perto.

Tu retiras eternamente milhões de formas a partir de ti mesmo, e continuas na tua Unidade.

Cidades, regiões, campos, rios, todos os olhos te vêem. Tu és o disco do dia acima do universo.

Se tu te afastas, nenhum dos seres por ti engendrados existe, Nem mesmo para te contemplar.

Nenhum dos que engendraste te vê, tu resides no meu coração.

Não existe outro que te conheça, com exceção do teu filho Akhenaton.

Que Tu torna ciente dos teus projetos e do teu poder.

O universo vem ao mundo sob a tua mão, como tu o crias.

Tu te ergues, ele vive. Tu te deitas, ele morre.

Tu és a extensão durável da vida, vive-se de ti. Os olhos fixam continuamente a tua perfeição,

Até que tu te deitas; Tu te deitas no Ocidente e cessa todo trabalho.

Quando te ergues, tu fazes crescer todas as coisas para o rei;

O movimento apodera-se de toda perna, tu pões em ordem o universo,

Tu o fazes surgir para teu filho, saído do teu Ser, o rei do Alto e do baixo Egito,

Que vive da harmonia universal, o senhor do duplo país, Filho de Ra,

Que vive da harmonia universal, Senhor das coroas, Akhenaton,

Que a duração da sua vida seja grande!

Que a sua grande esposa que ele ama, a senhora do duplo país, Nefertiti,

Viva e rejuvenesça, para sempre, eternamente.

Do livro 'Nefertiti e Akhenaton o casal solar' de Christian Jacq


SALMO 104

Moisés – Miquelângelo. Pinterest

Ó Deus Eterno, que todo o meu ser te louve!

Ó Eterno, meu Deus, como és grandioso!

Estás vestido de majestade e de glória e te cobres de luz.

Estendes os céus como se fossem uma barraca

e constróis a tua casa sobre as águas lá de cima.

Usas as nuvens como o teu carro de guerra e voas nas asas do vento.

Fazes com que os ventos sejam os teus mensageiros

e com que os relâmpagos sejam os teus servidores.

Tu puseste a terra bem firme sobre os seus alicerces,

e assim ela nunca será abalada.

Cobriste a terra com o oceano profundo, como se ele fosse uma capa,

e as águas ficaram acima das montanhas.

Porém, quando repreendeste as águas, elas fugiram;

quando ouviram o teu grito de comando, saíram correndo.

As águas correram pelos montes e desceram para os vales,

indo ao lugar que preparaste para elas.

Tu puseste um limite para as águas a fim de que não cobrissem de novo a terra.

Tu fazes surgir nascentes nos vales, e os rios correm entre os montes.

Da sua água bebem todos os animais selvagens;

com ela os jumentos selvagens matam a sede.

Nas margens dos rios, os pássaros fazem os seus ninhos

e cantam entre os galhos das árvores.

Do céu tu envias chuvas para os montes,

e a terra fica cheia das tuas bênçãos.

Fazes crescer capim para o gado e verduras e cereais para as pessoas,

que tiram da terra o seu alimento.

Fazes a terra produzir o vinho, que deixa a gente feliz;

o azeite, que alegra; e o pão, que dá forças.

Muita chuva cai sobre as árvores do Deus Eterno, sobre os cedros,

que ele plantou nos montes Líbanos.

Ali os pássaros fazem os seus ninhos,

e as cegonhas constroem as suas casas nos pinheiros.

As cabras selvagens vivem no alto das montanhas,

e as lebres se escondem nos rochedos.

Tu fizeste a lua para marcar os meses;

o sol sabe a hora de se pôr.

Tu fizeste a noite,

e todos os animais selvagens saem quando escurece.

Os leões novos rugem enquanto caçam, procurando a comida que Deus dá.

Porém, quando o sol aparece, eles voltam e vão se deitar nas suas covas.

Então as pessoas saem para o serviço e trabalham até a tarde.

Ó Deus Eterno,

Tu tens feito tantas coisas e foi com sabedoria que as fizeste.

A terra está cheia das tuas criaturas.

Ali está o mar imenso, enorme,

onde vivem animais grandes e pequenos,

tantos, que não podem ser contados.

No mar passam os navios,

e nele brinca Leviatã, o monstro marinho que tu criaste.

Todos esses animais dependem de ti,

esperando que lhes dês alimento no tempo certo.

Tu dás a comida, e eles comem e ficam satisfeitos.

Quando escondes o rosto, ficam com medo;

se cortas a respiração que lhes dás,

eles morrem e voltam ao pó de onde saíram.

Porém, quando lhes dás o sopro de vida, eles nascem;

e assim dás vida nova à terra.

Que a glória do Deus Eterno dure para sempre!

Que ele se alegre com aquilo que fez!

O Eterno olha para a terra, e ela treme;

[Seus raios] tocam nas montanhas, e eles soltam fumaça.

Cantarei louvores ao Deus Eterno enquanto eu viver;

Cantarei ao meu Deus a vida inteira.

Que o Eterno fique contente com a minha canção,

pois é dele que vem a minha alegria!

Que desapareçam da terra aqueles que não querem saber de Deus,

e que os maus deixem de existir!

Que todo o meu ser te louve, ó Deus Eterno!

Louvem ao Deus Eterno!

No mundo religioso nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.


Hoje, com o avanço da arqueologia e de outras ciências, pode-se constatar que Abraão e Moisés trouxeram para o judaísmo um conjunto de crenças e rituais que já faziam parte das antigas religiões da Suméria e do Egito, que por sua vez devem ter herdado de outras religiões ainda mais antigas. Por sua vez, o cristianismo admite sua filiação judaica, porém sem procurar os antecedentes dessa herança, muito mais antigos.


Se no universo religioso nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, é imperativo fazer um retorno ao passado da humanidade, o mais longínquo possível, em busca dos vestígios que permitam compreender a transformação da GRANDE MÃE em DEUS PAI. Aqui estamos apenas começando...


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